sábado, 21 de fevereiro de 2015

O que aconteceu ontem?


O que seria da vida humana se não houvesse a memória? já me perguntei isso por vezes, mas após assistir a um filme, que trata de forma hollywoodiana, porém aborda a questão da memória, me peguei pensando de modo mais intenso sobre o assunto o restante do dia. E não sei, mas acho que nesse instante me dei conta realmente da importância disso em nosso desenvolvimento enquanto ser. o nossas memórias que nos constroem que nos engrandece ou nos diminui enquanto pessoa. Que nos faz sentir vergonha, orgulho. Que faz um sorriso escapar pelo canto da boca ou algumas lágrimas escorrerem. Que nos faz querer levantar da cama no dia seguinte ou então o querer nem se mexer dela. Memórias existem pra que nos sintamos vivos, para que saibamos o porque existimos. o delas que tiramos nossas conclusões sobre nossos erros e acertos e que fará cada um se desenvolver em processo dialético.
Tudo está lá. Nossos medos, nossos traumas(consciente ou não), nossos momentos felizes, nossos passados de amores avassaladores e de tristezas imensuráveis. Perder a memória seria como perder o norte, o sentido da vida, perder a dignidade, perder o que se construiu. Perder o amor, perder o calor Sim, o amor, o calor, pois a perda de memória nos faria ter que reconstruir tudo isso que foi conquistado de maneira nobre.
Em um outro filme, esse com maior aporte intelectual, por nome de “Blade Runner, O Caçador de Andróides ” me fez refletir esse tema também, porém não com a mesma sensibilidade em que me encontro agora. Pois bem, as referências constantes a memória  implantadas nos "replicantes" demonstra a importância dela na construção do sentimento, pois era o que faltava pra que as emoções aflorassem, o que é completamente plausível, pois um sentimento é construído e reconstruído dia após dia e sem identidade ao longo do espaço e do tempo é algo que, convenhamos, é de difícil resolução.
Há algo que também sou avesso (embora explore raríssimas vezes, mas exploro, confesso) que é a questão das selfies e fotos feitas descontroladamente. Os registros fotográficos vem ganhando espaço dos registros mentais. Tornou-se de importância ímpar registrar momentos sublimes através de fotos em detrimento do seu registro mental, e o resultado disso acaba por tornar esse momento que deveria ser único em um momento de recordação através de fotos e que em última instância resulta em momentos frios, impessoais, insossos sem apelo a memória, pois não soube dizer o que sentiu no momento em que estava mais preocupado com as redes sociais e seu status diante de todos (o que daria uma boa discussão também, porém não quero perder a linha do tema em pauta) do que com o enriquecimento de sua subjetividade. Veja, não é querer tirar a importância de uma foto, mas sim saber dosar seu uso que vem ganhando proporções amedrontadoras. Esse momento merece uma selfie”. Quem nunca ouviu isso?
Estamos banalizando a memória, dando espaço reserva a sua importância. O estudo de disciplinas como a historia, que é importantíssimo para que nos situemos em nosso passado e consequentemente saibamos qual a identidade do nosso povo, é sintomático. o há nada mais comum que ouvir a colocação " pra que estudar história? já passou, é coisa velha".Ora, é partindo desse ponto que saberemos quais atitudes tomar para que erros passados não se repitam.
Pensamos muito no nosso futuro, porém nos esquecemos que é do nosso passado que extraímos tudo o que somos e toda nossa jornada construída. Muitas vezes é lá que se encontram as respostas de nossas angústias, mas damos de ombro a isso, pois o mundo atual nos faz pensar no agora, no já e o que passou, passou.
E assim caminhamos para o abismo da frialdade e do desespero pela falta de identidade que certamente nos enlouquecerá. E nesse caminho que estamos seguindo é realmente uma pura questão de tempo.

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