"Então erguemos muros que nos dão a garantia
de que morreremos cheios de uma vida tão vazia...
erguemos muros..."
Eu devo estar ficando velha mesmo!! Porque hoje, depois de
anos, com quase 26 anos estou aqui sentada, de frente pro espelho pensando: eu
não preciso fingir, eu sinto! (e sorrio finalmente vulnerável e contraditoriamente
sem medo!)
Depois de anos reprimindo o que sinto, depois de muitas
caras orgulhosas, de muito fingir não só para os outros, mas pra mim mesma, que
não... não me abalo, não ligo, não to nem ai, não caio, não me apaixono.
Depois de muito dar cabeçada na vida, de ver o tempo passar,
olhar pra trás (não arrependida, mas com olhar analítico), vi que quero tentar
mostrar, gritar ao mundo: sim, eu sinto!
As pessoas andam tão perdidas, não sabem se relacionar, não
sabem demonstrar carinho, não dão o braço a torcer. Tanto mulheres quanto
homens. Vejo isso em todo o canto, vi isso em mim por muito tempo: dizer que
não, quando la dentro eu gritava sim, e dava uma paulada na nuca da vontade, da
paixão que cega, isso a custo de que? De uma razão que não move, nem tão pouco
acrescenta, só poda. Poda momentos em que deveríamos ser humanos, deveríamos
sangrar, amar, chorar, abraçar, dizer que tem saudades, fazer cara de ursinho e
pedir carinho...
Isso tudo não só sempre com medo do que podemos parecer para
as outras pessoas, mas pra nós mesmos não admitirmos que vez ou outra não
caminhamos pelas ruas racionais da nossa própria história!
Por muito tempo eu confundi orgulho com amor próprio. E isso
é um erro terrível, castrador. E hoje tenho medo de continuar confundindo minhas
paixões com jogos e competições, em que eu tenho sempre que me mostrar inteira
ao meu oponente (oponente?), [afinal quem mostra que não tá nem ai hoje em dia, é aquele que sai por cima, que é forte...forte pra quem cara pálida?], cansei de ter muros em volta de mim, cansei de me
manter firme o tempo todo, de fingir que não, de me controlar, controlar o que
sinto em relação a tudo na vida.
Pra que tanto muro? Pra que fugir tanto? Pq fugimos tanto?
Um com medo do outro, negando aproximações, afirmando situações sempre
voláteis, sentimentos flutuantes... Nós perpetuamos o auto-engano com nosso
comportamento medroso, isso já me assustou mto por um bom tempo, hoje sei que
não quero mais isso pra mim, e que se dane quem não está na mesma sintonia.
Eu sou gente, eu sangro, eu sinto, eu quero, eu sonho, eu
tenho vontades... eu não quero mais o que passa rápido, o que não posso pegar
com as mãos, sentir no peito e sorrir abertamente. Hoje sei que é mto mais
forte aquele que se envolve, abre o peito, diz que quer, abre a possibilidade
de construção e encara os fantasmas e traumas, encara a multidão de orgulhosos
e corre o risco de dar uma de bobão e vulnerável.
Vejo tanto as pessoas reclamando que hoje em dia tudo tem
preço e nada mais tem valor, e ainda assim vejo pouquíssimas atitudes
contrárias a essa afirmação, muita gente espalhando ilusão e pouco, quase nada
de carinho verdadeiro, mãos estendidas, disposição de seguir caminhos de mãos
dadas. Enganar é fácil sim, mas a vida da voltas e mais voltas e cada um de nós
vai receber aquilo que dá ao universo (todos nós sabemos disso), e está na hora
de tornarmos os laços um pouco mais valorosos, não acham? A gente aprende mais
quando sabe que sente.
Eu não sei o que você pensa disso, mas cheguei a conclusão
que eu era cega pra as coisas que a vida me oferecia pra sentir (seja espinho,
seja flor), evitava caminhos, abafava gritos e usava a máscara do orgulhos pra
viver de migalhas... Agora quero sentir, quero arder, quero pagar mico por
amor, quero morrer quantas vezes for preciso, quero amar de novo, quero
aprender, dar passos calmos, ser consciente, deixar rolar, apaixonar,
desapaixonar, respirar, ter raiva, xingar, sorrir, ter duvidas, desabafar,
procurar pra dizer o que sinto, mostrar pra vc, pra ele, pra ela e ser
finalmente: humana!
Dizem que a vida é curta, então preciso que ela seja
intensa!
Escrevi ouvindo Engenheiros, Muros e Grades, vale a pena ouvir :)
* Queridos, nosso blog agora tem página no Facebook! Dá um curtir por lá ;D
Essa música, ahh Humberto, casa comigo? Eu não ligo que você já seja casado. kkkkkk
ResponderExcluirDeixemos as minhas idiotices de lado pra falar do texto e PQP! que texto!
Esse vai ficar ecoando em mim por um bom tempo. As máscaras que escolhemos para viver, mas por que fazemos isso? Qual o real sentido? Onde tudo isso começou? Que afirma com categoria que isso é mesmo um jogo? E por que não podem haver perdedores? Se todos ganham, então o amor perde? Muitas perguntas, que movimentam o pensamento, que fazem o olhar voltar-se para o interior e avaliar tudo que é feito, tudo que é ignorado e a custo de quê.
Passaria horas aqui discorrendo sobre tudo isso, o assunto dá pano pra manga, deixo as palavras de lado e digo que um dia (E que não demore) Sim, eu sinto!
Parabéns, Raquel, amei tudo, como sempre. rs
Beijos.
www.eraoutravezamor.blogspot.com > tem continuação lá.
Quanta perfeição em um Texto!
ResponderExcluir-Acredito que aquele seu comentário no meu blog é referente a isso!
-Fugimos de situações intensas (desagradáveis e até mesmo agradáveis);
Temos medo de sentir, o amor de uma forma intensa. Temos medo do abandono e consequentemente temos medo de nos apaixonar.
Lembrei de um trecho de uma musica (Você sangra pra saber que está viva).
Ludi, tenho muito que aprender com você!