De repente chega uma mensagem no seu
celular que faz acelerar seus batimentos. “Tudo é alheio nem fala língua nossa”
dizia a mensagem. Era ela recitando trecho de um heterônimo de Fernando Pessoa
que ele tanto ama. Ele não sabia o que dizer em seguida, e atordoado mandou um “oi”
insosso, completamente fora de contexto. Segundos após, leva a mão à cabeça e
se acha um idiota. Ele não é assim, tem
bastante traquejo com o sexo oposto, mas ela... Aaah, ela mexe com seus
sentidos de um modo que o faz parecer um adolescente casto.
Ela segue a mensagem seguinte... “O dia tá
frio e não estou afim de ficar sozinha em casa” ele então sugere “quer sair?” e
novamente leva a mão à cabeça. Ele tá perdido, não consegue captar os sinais
mais óbvios. E irônica como sempre diz ela “ah... eu acho que sair não era uma opção em pauta” seguido de um direto “Vem logo pra casa! Entre sem bater”. Ele se
arruma desesperadamente e parte.
Chegando lá ele a encontra numa rede na
varanda. Ela está completamente despojada. Com uma caneca de café as mãos e um
moletom largo que cumpre a função de camisola, deixando apenas as pernas
douradas do lado de fora. Um lápis prende os lisos e escuros cabelos, um Saramago repousa sobre um banco e um olhar
poético para o horizonte faz o desfecho do cenário. Ele acha aquilo sublime,
diferente de qualquer recepção que já teve.
Antes de ele chegar à varanda ela diz pra
ele buscar alguns petiscos em cima da mesa e lhe oferece café. Em seguida ele
se senta acuado em uma das cadeiras no canto da varanda. Ela está no comando, e
senhora da situação, chama ele para sentar-se na rede com ela. Ele tem um leve
espasmo de susto, mas vai...
Ele está irreconhecível! Aquele cara, que do
jeito mais natural do mundo consegue conquistar a mulher que bem deseja, está
nas mãos dela e ela sorri da situação e brinca com os sentidos do moço. Em determinado
instante ele começa a se soltar, a ficar mais à vontade, se ambientando... eis
que então, repentinamente ela o fita com seus olhos negros e diz “vamos ver filme
na minha cama” puxa ele pela sua mão e sente que ela está gélida, pois essa
informação o fizera ficar assim, e novamente o moço parece um jovem adolescente.
Ela se joga debaixo e ele se deita por cima do edredom. Ela então provoca “Venha! Afinal de contas embaixo do edredom cabem dois”. Ele então entra debaixo sem conseguir sequer olhar pra moça. O filme começa a rolar e entre uma cena e outra ela faz comentários que o fazem entender que o momento que ele tanto desejou se avizinha. Eis que ele ousa aproximar seu corpo do dela e sente que não há rejeição da outra parte. Então ele arrisca encostar “sem querer” um dos seus pés no dela e ela ainda continua sem rejeitá-lo. Agora se fez a hora de aproximar uma de suas mãos da dela. Ela sente a aproximação, sorri intimamente e em seguida olha pra ele e diz: "Acho que já deu por hoje né? Muito obrigada pela companhia, você é um fofo!" Ela o leva até a porta e dá um beijo em seu rosto, dispensando o rapaz. Ele, do lado de fora, volta pra casa sem entender nada, mas estranhamente mais apaixonado ainda. Ela... Bom, ela abre um bom vinho chileno, solta seus cabelos, põe Nina Simone no toca disco e se joga no sofá.
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