quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

" Eu fico com a pureza das resposta das crianças"

Hoje uma criança me cumprimentou e sorriu pra mim.Me senti de uma forma que raramente me sinto. Não sei explicar muito bem o que é,mas é um sentimento muito bom relacionado a ingenuidade e genuinidade do gesto dessa criaturinha. Aquele sorriso com aquele polegar estendido em minha direção foram gestos tão espontâneos, tão naturais, tão despretensiosos de uma criança que sorriu por quem ela tem uma afeição, sem ligação alguma a elementos terrenos e sim a questões meramente espirituais.
Mas fazendo uma reflexão logo em seguida eu me senti mal por ter me sentido bem, pois se um gesto tão singelo e belo me trouxe tanta alegria e conforto como em raros momentos, posso ser conclusivo que existe aí uma anomalia muito grave que surge com o passar do tempo, já que minhas relações são geralmente com “pessoas grandes” de concepções e ideologias das mais fracas as mais elaboradas, das quais nenhuma delas possui mais essa inocência que um dia qualquer dessas “pessoas grandes” tivera quando “pessoas pequenas”.
Antes que qualquer pessoa possa tirar quaisquer tipos de conclusões sobre essas minhas reflexões, por um viés político/econômico/social/cultural quero deixar claro que não quero aqui atrelar esses pensamentos a um modo de produção, a um sistema financeiro, de uma sociedade em específico, mas sim essa relação por ela mesma, sem interferências extras(se é que isso é possível)
Mas dando sequência ao assunto, existe algo que me assusta, e muito, que é o fato de uma atitude altruísta de outrem, nos soar tão estranhamente como se tivesse algo por trás daquela atitude como segundas, terceiras, quartas, quintas intenções. É muito difícil imaginar que alguém possa fazer algo simplesmente pela vontade de ajudar, sem troca, sem interesses. Essas atitudes “descabidas” nos cria uma neura de algo que deveria ser natural, e isso é deprimente.
Com essas explanações, uma das perguntas que ficam é: onde perdemos essa inocência? O que nos fez tornarmos pessoas em que cada gesto não representa algo simplesmente altruísta? Onde se perderam os sonhos? Onde ser perderam as cores da infância? Os sentimentos mais puros? O que nos fez desistir dos nossos sonhos por mais mirabolantes e irracionais que sejam? Eu, quando criança, queria ser um Power ranger, jogador de futebol, queria brincar com o perna longa, com o pica-pau… Tá certo que muitas dessas vontades se tornam impossíveis da realização por questões óbvias, mas muitos outros sonhos “realizáveis”, que nos parecem impossíveis, simplesmente se tornam como tais porque deixamos de acreditar neles, talvez em função dessa imbecilidade de ser um indivíduo de extrema “racionalidade” ao qual somos sistematicamente conduzidos e induzidos a sê-los. O que vale não é o racional. Ele é limitado, chato e triste. O que vale é o que tem essas crianças. A imaginação, o endeusamento de seus sonhos, a beleza com a qual tudo é visto, a impressionante capacidade de abstração que elas possuem.
Se hoje pudéssemos nos encontrar com aquela criança que um dia fomos, deveríamos nos redimir em infinitas desculpas por fazer de nossas vontades pó, de fazer desaparecerem como num estalar de dedos, e que substituímos por barreiras, por interesses sociais, por interesses pessoais, por interesses dos mais diversos e por ora perversos.
Eu me lembro que antigamente o Robson criança tentava descobrir o motivo de porque adultos torturavam tantos uns aos outros de inúmeras formas e das mais inescrupulosas possíveis, ele não conseguiu descobrir, desistiu, pensando que quando adulto ele descobriria o real motivo, já que esse assunto é pertinente a essa fase da vida. Pois bem, hoje o Robson se tornou adulto e sabe o que é pior? Ele ainda não sabe responder essas questões. Não só ele como todos os outros que se indagaram das mesmas questões quando no período da infância ou até mais velho.
Mas o que é ainda mais triste de todas essas minhas colocações, é que essa mesma criança, a qual me referi no início do texto, é a mesma criança que daqui 15 anos, ou até menos, dificilmente fugirá do mesmo pensamento asqueroso que nós, adultos idiotas, possuímos.


Confissões de Bar no Face!

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