quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ela & Ele



Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história. 
                                        Carlos Drummond de Andrade
Da série: tragicomedias femininas parte...sei lá que parte!
Imaginemos uma situação hipotética, veja bem eu disse HIPOTÉTICA... Uma mulher solteira na companhia de um amigo solteiro, eles se dão muito bem, se divertem ,desfrutam da companhia um do outro, as personalidades batem, os assuntos fluem, os pontos em comum são motivos para horas e horas e mais horas de boas conversas e ótimos encontros, juntos dão risada, são confidentes, trocam conselhos, se querem bem até que...
Até que um belo dia o amigo resolve olhar pra cara da mulher solteira e dizer que é apaixonado por ela!
Ela olha com cara de caneca, não muito no fundo dos olhos dele, com os pensamentos desesperados: Onde?? Como?? Onde e como isso foi acontecer?? Como ele deixou??
A verdade é que ela (mais do que ninguém talvez) sabe muito bem que, como diz a música: " Por que o mar não se apaixona por uma lagoa? Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar!" - não a gente não sabe, não escolhe, não prevê! Não há culpados...
Hipoteticamente falando, uma amizade entre dois solteiros, livres desimpedidos, que se dão absurdamente bem, cuja companhia agrada a ambos, deveria ser o motivo (se não o principal ao menos um start) pra se entreolharem de forma mais que especial...
Hipoteticamente falando, a tal da bola fora que ela insiste em mandar sempre que se apaixona por alguém errado, deveria ser encerrada nesse momento... Até pq, hipoteticamente falando, ela encontrara sem muito esforço ou sofrimento, o tal do cara companheiro, compreensivo, que fala das músicas que ela gosta, sabe tudo o que a faz feliz, sabe agradá-la, sabe o que a magoa, sabe surpreende-la, fala de livros geniais, fala coisas novas, faz graça na medida certa, não é cretino, sabe cozinhar, mimar, amar, discutir a relação que nem gente de verdade e grande (!), conhece seus medos, suas angustias, seu prato preferido, o filme que a faz chorar, a letra de música que a faz vibrar, os lugares que gosta de ir, as caras, as bocas e tudo o que elas significam...que ela sempre fica sonhando que existe e diz que sabe que não existe!
Hipoteticamente falando ela finalmente atraiu um cara que não é cafa, que não vai sumir, aliás, não vai encantar e depois sumir, não vai jogar lorotas pra ela cair na dele...
Então pq? Pq essa situação toda fica quase sempre na linha das hipóteses?
Nunca é tão simples.
Nuca é só: olha eles se dão bem, que tentem ficar juntos então e sejam felizes durante a subida dos créditos... não...
É claro que a consciencia dela também a acusa: "vc só se atrai por homem que não presta! Sofre por que quer!"
E em um simples momento ela está igualada a tudo aquilo que ela sempre repudiou, ela é farinha do mesmo saco dos caras que encantam mas não assumem, ela é a destruidora da amizade, a que causa o climão, a que falou de zilhões de vezes que seu coração foi partido na frente de alguém que sempre quis concertá-lo, ela se sente a vilã da "Quadrilha" de Drummond...
Ela olha sem graça pra ele e diz que lamenta muito, o vê como um amigo, quase um irmão, que ele merece quem saiba faze-lo feliz, que gosta muito da amizade.
Ele diz que vai passar, vai ficar tudo bem, entende.
Os assuntos não fluem mais, o silencio é pesado, ela sente culpa, ele sente que não devia ter se apaixonado, ela continua sonhando com quem nunca vai lhe dar valor (e é provável que ele também), ele continua vendo tudo isso calado (e é porvavel que ela também). Hipotéticamente nunca aconteceu tal desvio.
Mas a amizade continua...e a vida também.




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4 comentários:

  1. Vixi. Complicado hein? Não deve ser uma situação fácil. Hipoteticamente, ele já era em todos os sentidos.

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  2. uma vez um colega de trabalho me disse que nao esquecia a antiga namorada pq a atual nao era tao boa de cama quanto.

    Talvez na sua lista faltou essa: E o cara é bom de cama... faz ela ir as nuvens e por ai vai... hehehehe

    :P

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  3. Uma faca de dois gumes, hipoteticamente uma situação complicada demais. E a velha história: Por gosto de quem não gosta de mim? Aquela vontade louca de poder mandar no coração ao menos uma vez na vida e manter as rédeas e o controle.

    Não vou nem dizer que adorei porque já virou até clichê hehe, é impossível ler os textos aqui e não gostar. Beijão Ludi. :*

    www.eraoutravezamor.blogspot.com

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  4. Essa questão de não se dar a oportunidade de viver um amor que talvez daria certo é bem minha cara.

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