quinta-feira, 24 de abril de 2014

Pretérito imperfeito



Quantas vezes a vida disse não? E quantos nãos tive que guardar na minha caixa de lembranças com finais que muitas vezes eu mesma tive de inventar, pra seguir em frente? Quantos nãos viraram degraus, pontes, invenções para recomeçar? E quantos deles ainda me instigam, como seriam se tivessem durado mais e mais tempo? E se por acaso numa daquelas tardes cinzas e pensativas eu resolver abrir a caixa vou poder ver em sonhos todos aqueles amores sufocados, as brigas que nunca aconteceram, jantares de paz e beijos de carinho, datas importantes e comemorações calorosas a luz de velas, musicas que marcariam.
Encontrar com esses amores perdidos, ardidos e já quase apagados, me faz lembrar tudo que não foi vivido por conta de um não, uma bifurcação, um medo qualquer ou por qualquer motivo que a vida me escondeu. Encontrar essas saudades me fez lembrar das origens dos suvenirs, de como as coisas começavam e ardiam fortes, devastando noites e noites de sono, daquelas intensidades desvairadas tanto de alegria como de tristeza.
Amores que dormem, talvez pra todo o sempre por motivos que só a vida sabe. Amores guardados bem la no fundo com aquela bela pitada de saudade que soa como um bandolim de fundo nas memórias mais delicadas.
Amores que vez ou outra se esbarram em conversas cinzas, rápidas e sem graça " como vai? vou bem e vc?" ou então amores que a vida não trará mais nenhum esbarrão, porque foram tão intensos, tão bem vividos que a vida bem sabe que é melhor que os caminhos sempre sejam opostos, não importa o quanto a saudade grite, não importa o quanto eu saiba que não, não haverá outro igual. Amores que acabaram antes mesmo de haver motivo concreto de ter nascido.
A vida é assim e a gente rebola pra acertar o compasso, o passo e a dança. Tem horas que a gente sabe que não importa o quanto queima, uma hora ou outra há de ser menos intenso e uma grande história de um novo amor é que deve tomar esse lugar no peito.
E me pego pensando se quando eu estiver na ponta da longa estrada vou poder olhar pra história que hoje parece tão nítida, como algo que mal me lembro até mesmo dos bons detalhes... me pego fugindo de memórias estampadas em praças, bares e objetos que vez ou outra encontro no dia a dia e me levam ao passado em segundos. Eu vivo o hoje, tenho que amar o hoje.
São amores que passaram e se tivessem ficado, cada qual teria uma linda história, são pessoas que olho e penso: "Podia ter sido como num filme!", "Podia ter nascido uma pessoa em mim que eu nunca consegui ser, mas sempre quis..."
E é fato... eu poderia ter te amado, amado como nenhum outro, com uma imensidão que desconheço, com uma doação inigualável, com a intensidade mesma que me afastou de você e faz eu seguir e seguir. E sumir e apagar. E ir, pelos caminhos que a vida ordenar, não importa o que haja no peito.

Confissões de Bar no Face!

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