sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Aquele momento humano, todo seu.




E um dia você acorda com o mundo nos ombros, o nó da garganta junta-se ao enorme embaraço nos pensamentos, não parece haver solução e a vontade de sumir, desintegrar de repente é grande de mais e não cabe, transborda de dentro.

Aquela hora que as ideias giram, que a vertigem é inevitável, o mundo se encerra em sombra, o dia ta cinza, chuvoso, o coração fica pequeno (menor que uma azeitona), aquela senhora angustia te dá A fechada e te deixa sem saída. Você quer mandar todo mundo para o quinto dos infernos (ou vc quer ir pra lá, de preferencia sozinha, como diria Pessoa), quer paz, silencio, quer um alivio imediato e salvador da pátria.

Nada vai explicar o que você sente, ninguém vai entender ou poder dizer algo que te reconforte, desfaça o nó ou afaste a angústia. Aquele cretino conseguiu te deixar mal, te jogar no chão e você não aguenta mais escutar dos seus amigos (coitados, todos de boa vontade e na melhor das intenções) dizendo: "Esse cara não presta, sai dessa que não vale a pena sofrer!". Você já sabe de tudo isso, mas não tem como conter essa represa pra estourar e mesmo que tenha, no fundo sabe que é melhor deixar tudo ir por água abaixo.

É aquele momento de desligar o som, pc, celular... olhar bem fundo nos seus próprios olhos, de frete pr'o espelho do banheiro, despir-se de toda e qualquer defesa, desarmar-se, isolar-se, deixar a dor enfiar aquela lâmina aguda bem no fundo, respirar, abrir o registro, entrar no box, deixar a água quente cair nos ombros, no rosto, nos cabelos, confessar que é humana e chorar. Afinal é melhor chorar no banho que cometer homicídio doloso.

Chorar com toda a vontade, alma, dor, sentimento, desespero. Tirar todos os pensamentos, as perguntas aflitas, as conclusões que te deixam exausta, as hipóteses que nunca serão provadas e chorar feito uma criança que se perde da mãe no supermercado. Soluçar como se não houvesse amanhã, pudor, dignidade.
Sentar-se ao chão, abraçando as pernas, chorando descontroladamente, quebrada, estragada, derrotada e pior de tudo: resignada .(Já nem xinga mais ninguém, cansou)

Tenta arquitetar um plano de intercâmbio pra Sibéria, quer sumir, desaparecer. Vê que não tem saída, que vai ter que continuar enfrentando a dor de ser esse farrapo, a dor de perder (sonhos, dignidade, rumo, amor, planos, o que você tinha e o que não tinha) e toda a vida passa diante dos seus olhos, tudo vai escorrendo com a água do chuveiro para o ralo, tudo é decepção. É tudo respiração desordenada.

Até que o desespero vai se diluindo, vai ficando menos feroz e agressivo... e como que uma tempestade de verão, pode até deixar uma ou outra nuvem cinza, pode voltar amanhã tão intensa quanto foi essa, mas hoje, agora, nesse exato momento é aquela paz cansada que você sente no coração. É aquele sol tentando sair.

E foi exatamente por isso que você chorou no banho, pra deixar ir pr'o ralo toda a negatividade que tinha ai dentro.



Vai se perdendo o medo aos poucos... medo de chorar e medo de amar.
‎"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."
Carlos Drummond de Andrade




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Um comentário:

  1. Puta que pariu, ( desculpe até pela expressão grosseira, mas é espontaneidade minha) É assim, exatamente assim, sem tirar nem por, dor maldita, vontade de desintegrar, vontade de tudo e sem poder fazer nada mais que se derramar em lágrimas até a cabeça doer demais, até o mundo acabar, é tanta coisa ruim junta que o melhor mesmo é por pra fora e o pior é que no fim do choro ainda ficam pontadas e um leve nó na garganta. É exatamente assim que me senti ontem e ainda me sinto um pouco, um farrapo e por ai vai, poderia passar o dia inteiro aqui dizendo coisas, mas não vou fazer isso não se preocupe. Muito bom o texto, extremamente real. Mais uma vez parabéns Ludi, fico cada dia mais contente por ter encontrado esse blog aqui, tem se transformado no meu melhor refúgio.

    PS: vou te linkar lá no meu blog. Beijos e abraços dona moça.

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