"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
trecho de " A gaia ciência"
Cheguei aos 25 anos!E inventei uma crise (ou meus hormônios inventaram) e agora eu tenho 25 anos e uma crise. Ou pelo menos comecei esse post com ela, rs. Sabe aqueles momentos em que vc para tudo o que está fazendo, congela e pensa: "o que é que eu to fazendo da vida?" - não que esteja insatisfeita, mas querendo rever certos pontos.
O que não é de todo ruim, foram elas que me impulsionaram ao movimento a vida toda. Qdo as minhas crises começam, quase nunca é por apenas um único motivo e essa não é diferente. Começou antes do meu aniversário (pela tpm e pq em aniversários a gente pega uma mania de refletir sobre td) e foi para todos os lados, em todos os setores da vida, passando e questionando um por um. Alguns se salvaram, ou a maioria, como eu sempre digo, a vida não é ruim e eu não tenho mto do que reclamar a não ser esse pequeno detalhe... esse eterno retorno!
É engraçado pensar que a vida vai se desdobrando em acontecimentos muito parecidos, com personagens diferentes, mas num contexto, se não igual, bem parecido e as escolhas são quase sempre as mesmas, levando sempre aos mesmos lugares, as mesmas respostas. Isso é engraçado, mas ao mesmo tempo me apavora! Pelo menos começou a me apavorar muito ao completar os 25.
São diversas situações que vão testando nossos limites, e é nessas que nós mudamos completamente, somos os mesmos por fora, mas de alguma forma, bem diferentes por dentro... (o que há quem chame de dialética, um estado de eterna transformação)
E eu percebi que preciso fazer mais com esse movimento, não só aproveitá-lo, e nesse ponto definitivamente não tenho do que reclamar mesmo, venho seguindo o lema de aproveitar e aprontar como se fosse tudo uma grande aventura nos últimos anos - e tenho obtido certo sucesso hahaha; mas incorporá-lo, aprender mais, explorar mais sobre mim e meus limites.
O que me impulsionou e deu start a uma série de mudanças foi um caos sentimental, foi o fim de um relacionamento, depois dele vi que todo o resto ia ter que mudar também, as ondas viriam todas uma atras da outra e se eu não fizesse algo iria me afogar. Fiz. Mudei e me redescobri e no meio disso tudo muita coisa ficou pra trás (coisas que deveriam de fato ficar) e então veio a calmaria. Não posso dizer que passei, desde então, esse tempo todo na calmaria. Tive outras crises pequenas, mas agora o que me incomoda é justamente isso, esse acomodar outra vez, parar, ficar nesse novo lugar (que era novo quando descobri, mas não é mais uma novidade) e é ai que entra o Nietzsche...
Não posso deixar minhas escolhas rumando sempre para o mesmo lado, não posso passar por situações parecidas com as que já passei uma vez e insistir na mesma direção apesar de todos os altos e baixos. Preciso entender como esses altos e baixos se complementam, preciso entender como me movimentam e usar isso de uma forma positiva, um aprendizado. E aproveitar essa repetição pra observar melhor meus atos, minhas convicções, minhas escolhas, meus defeitos, qualidades, costumes, aquele tipo de coisa que vem enraizada e sem perceber se perpetua e que nem sempre faz bem.
Meu orgulho, por exemplo, até hoje usei esse orgulho como arma, sempre me defendendo com ele, sempre como escudo e muro pra mostrar força. Não posso negar, ele me foi (e ainda é) útil muitas vezes, mas nem sempre é a melhor arma pra se usar. Fiquei muito tempo escondida atras dele pra poder fugir de muitas coisas, pra me posicionar longe de responsabilidades em diversas situações. E agora sinto que devo colocá-lo em cheque, tentar dominá-lo e não deixar que aconteça o contrario. Sei que vai ser um belo de um desafio, mas sinto que pela primeira vez estou realmente disposta a encarar isso e mudar, enfrentar. Sinto que está na hora de passear na beira do abismo, abrir meus braços, me lancei um desafio pra sair da calmaria e talvez escolha por um caminho intenso, solitário, mas rico e muito proveitoso se eu tiver a sagacidade de absorver as coisas certas. Sinto que está na hora de mudar de posição, de me perder, de lançar a antítese de tudo aquilo que ando sentindo, elaborar as minhas teses, testar minhas hipóteses, pirar pra achar minha sanidade, saca? ok,ok... os 25 estão só começando e eu jaja não vou ter mais tempo pra me perder com livros de Nietzsche na bolsa. A hora é agora.
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"O que me impulsionou e deu start a uma série de mudanças foi um caos sentimental, foi o fim de um relacionamento..."
ResponderExcluirE mais uma vez prova-se que a afetividade tem um poder incrível sobre o ser humano.
Enfim, comigo foi o mesmo. Mas a fase de calmaria depois das crises, eu tenho chamado de amadurecimento. E assim tenho vivido... ;)