sexta-feira, 27 de julho de 2012

Running with the devil


Runnin' With the Devil by Van Halen on Grooveshark
"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
trecho de " A gaia ciência"
Cheguei aos 25 anos!
E inventei uma crise (ou meus hormônios inventaram) e agora eu tenho 25 anos e uma crise. Ou pelo menos comecei esse post com ela, rs. Sabe aqueles momentos em que vc para tudo o que está fazendo, congela e pensa: "o que é que eu to fazendo da vida?" - não que esteja insatisfeita, mas querendo rever certos pontos.
O que não é de todo ruim, foram elas que me impulsionaram ao movimento a vida toda. Qdo as minhas crises começam, quase nunca é por apenas um único motivo e essa não é diferente. Começou antes do meu aniversário (pela tpm e pq em aniversários a gente pega uma mania de refletir sobre td) e foi para todos os lados, em todos os setores da vida, passando e questionando um por um. Alguns se salvaram, ou a maioria, como eu sempre digo, a vida não é ruim e eu não tenho mto do que reclamar a não ser esse pequeno detalhe... esse eterno retorno!
É engraçado pensar que a vida vai se desdobrando em acontecimentos muito parecidos, com personagens diferentes, mas num contexto, se não igual, bem parecido e as escolhas são quase sempre as mesmas, levando sempre aos mesmos lugares, as mesmas respostas. Isso é engraçado, mas ao mesmo tempo me apavora! Pelo menos começou a me apavorar muito ao completar os 25.
São diversas situações que vão testando nossos limites, e é nessas que nós mudamos completamente, somos os mesmos por fora, mas de alguma forma, bem diferentes por dentro... (o que há quem chame de dialética, um estado de eterna transformação)
E eu percebi que preciso fazer mais com esse movimento, não só aproveitá-lo, e nesse ponto definitivamente não tenho do que reclamar mesmo, venho seguindo o lema de aproveitar e aprontar como se fosse tudo uma grande aventura nos últimos anos - e tenho obtido certo sucesso hahaha; mas incorporá-lo, aprender mais, explorar mais sobre mim e meus limites.
O que me impulsionou e deu start a uma série de mudanças foi um caos sentimental, foi o fim de um relacionamento, depois dele vi que todo o resto ia ter que mudar também, as ondas viriam todas uma atras da outra e se eu não fizesse algo iria me afogar. Fiz. Mudei e me redescobri e no meio disso tudo muita coisa ficou pra trás (coisas que deveriam de fato ficar) e então veio a calmaria. Não posso dizer que passei, desde então, esse tempo todo na calmaria. Tive outras crises pequenas, mas agora o que me incomoda é justamente isso, esse acomodar outra vez, parar, ficar nesse novo lugar (que era novo quando descobri, mas não é mais uma novidade) e é ai que entra o Nietzsche...
Não posso deixar minhas escolhas rumando sempre para o mesmo lado, não posso passar por situações parecidas com as que já passei uma vez e insistir na mesma direção apesar de todos os altos e baixos. Preciso entender como esses altos e baixos se complementam, preciso entender como me movimentam e usar isso de uma forma positiva, um aprendizado. E aproveitar essa repetição pra observar melhor meus atos, minhas convicções, minhas escolhas, meus defeitos, qualidades, costumes, aquele tipo de coisa que vem enraizada e sem perceber se perpetua e que nem sempre faz bem.
Meu orgulho, por exemplo, até hoje usei esse orgulho como arma, sempre me defendendo com ele, sempre como escudo e muro pra mostrar força. Não posso negar, ele me foi (e ainda é) útil muitas vezes, mas nem sempre é a melhor arma pra se usar. Fiquei muito tempo escondida atras dele pra poder fugir de muitas coisas, pra me posicionar longe de responsabilidades em diversas situações. E agora sinto que devo colocá-lo em cheque, tentar dominá-lo e não deixar que aconteça o contrario. Sei que vai ser um belo de um desafio, mas sinto que pela primeira vez estou realmente disposta a encarar isso e mudar, enfrentar.  Sinto que está na hora de passear na beira do abismo, abrir meus braços, me lancei um desafio pra sair da calmaria e talvez escolha por um caminho intenso, solitário, mas rico e muito proveitoso se eu tiver a sagacidade de absorver as coisas certas. Sinto que está na hora de mudar de posição, de me perder, de lançar a antítese de tudo aquilo que ando sentindo, elaborar as minhas teses, testar minhas hipóteses, pirar pra achar minha sanidade, saca? ok,ok... os 25 estão só começando e eu jaja não vou ter mais tempo pra me perder com livros de Nietzsche na bolsa. A hora é agora.
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Um comentário:

  1. "O que me impulsionou e deu start a uma série de mudanças foi um caos sentimental, foi o fim de um relacionamento..."

    E mais uma vez prova-se que a afetividade tem um poder incrível sobre o ser humano.

    Enfim, comigo foi o mesmo. Mas a fase de calmaria depois das crises, eu tenho chamado de amadurecimento. E assim tenho vivido... ;)

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