Hoje uma criança me cumprimentou e
sorriu pra mim.Me senti de uma forma que raramente me sinto. Não sei
explicar muito bem o que é,mas é um sentimento muito bom
relacionado a ingenuidade e genuinidade do gesto dessa criaturinha.
Aquele sorriso com aquele polegar estendido em minha direção foram
gestos tão espontâneos, tão naturais, tão despretensiosos de uma
criança que sorriu por quem ela tem uma afeição, sem ligação
alguma a elementos terrenos e sim a questões meramente espirituais.
Mas fazendo uma reflexão logo em
seguida eu me senti mal por ter me sentido bem, pois se um gesto tão
singelo e belo me trouxe tanta alegria e conforto como em raros
momentos, posso ser conclusivo que existe aí uma anomalia muito
grave que surge com o passar do tempo, já que minhas relações são
geralmente com “pessoas grandes” de concepções e ideologias das
mais fracas as mais elaboradas, das quais nenhuma delas possui mais
essa inocência que um dia qualquer dessas “pessoas grandes”
tivera quando “pessoas pequenas”.
Antes que qualquer pessoa possa tirar
quaisquer tipos de conclusões sobre essas minhas reflexões, por um
viés político/econômico/social/cultural quero deixar claro que não
quero aqui atrelar esses pensamentos a um modo de produção, a um
sistema financeiro, de uma sociedade em específico, mas sim essa
relação por ela mesma, sem interferências extras(se é que isso é
possível)
Mas dando sequência ao assunto,
existe algo que me assusta, e muito, que é o fato de uma atitude
altruísta de outrem, nos soar tão estranhamente como se tivesse
algo por trás daquela atitude como segundas, terceiras, quartas,
quintas intenções. É muito difícil imaginar que alguém possa
fazer algo simplesmente pela vontade de ajudar, sem troca, sem
interesses. Essas atitudes “descabidas” nos cria uma neura de
algo que deveria ser natural, e isso é deprimente.
Com essas explanações, uma das
perguntas que ficam é: onde perdemos essa inocência? O que nos fez
tornarmos pessoas em que cada gesto não representa algo simplesmente
altruísta? Onde se perderam os sonhos? Onde ser perderam as cores da
infância? Os sentimentos mais puros? O que nos fez desistir dos
nossos sonhos por mais mirabolantes e irracionais que sejam? Eu,
quando criança, queria ser um Power ranger, jogador de futebol,
queria brincar com o perna longa, com o pica-pau… Tá certo que
muitas dessas vontades se tornam impossíveis da realização por
questões óbvias, mas muitos outros sonhos “realizáveis”, que
nos parecem impossíveis, simplesmente se tornam como tais porque
deixamos de acreditar neles, talvez em função dessa imbecilidade de ser um
indivíduo de extrema “racionalidade” ao qual somos
sistematicamente conduzidos e induzidos a sê-los. O que vale não é
o racional. Ele é limitado, chato e triste. O que vale é o que tem
essas crianças. A imaginação, o endeusamento de seus sonhos, a
beleza com a qual tudo é visto, a impressionante capacidade de
abstração que elas possuem.
Se hoje pudéssemos nos encontrar com
aquela criança que um dia fomos, deveríamos nos redimir em
infinitas desculpas por fazer de nossas vontades pó, de fazer
desaparecerem como num estalar de dedos, e que substituímos por
barreiras, por interesses sociais, por interesses pessoais, por
interesses dos mais diversos e por ora perversos.
Eu me lembro que antigamente o Robson
criança tentava descobrir o motivo de porque adultos torturavam
tantos uns aos outros de inúmeras formas e das mais inescrupulosas
possíveis, ele não conseguiu descobrir, desistiu, pensando que
quando adulto ele descobriria o real motivo, já que esse assunto é
pertinente a essa fase da vida. Pois bem, hoje o Robson se tornou
adulto e sabe o que é pior? Ele ainda não sabe responder essas
questões. Não só ele como todos os outros que se indagaram das
mesmas questões quando no período da infância ou até mais velho.
Mas o que é ainda mais triste de todas
essas minhas colocações, é que essa mesma criança, a qual me
referi no início do texto, é a mesma criança que daqui 15 anos, ou
até menos, dificilmente fugirá do mesmo pensamento asqueroso que nós, adultos
idiotas, possuímos.
Confissões de Bar no Face!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comenta aew! :)